prisão de bolsonaro, aliados aceleram votação da anistia no congresso para reduzir pena

Prisão de Bolsonaro, aliados aceleram votação da anistia no Congresso para reduzir pena

Aliados buscam retomar votação da anistia após prisão preventiva no Congresso

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizou, de forma imediata, aliados no Congresso Nacional, que se reuniram em caráter emergencial em Brasília para traçar uma estratégia de reação e articulação política. O objetivo central do grupo é retomar a votação do projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, ampliando a pressão sobre parlamentares para aprovar medidas que beneficiem apoiadores do ex-presidente.

Reunião em Brasília e objetivo da mobilização

Ao encontro compareceram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e os filhos do ex-presidente, os políticos Carlos Bolsonaro e Flávio Bolsonaro. Segundo participantes, a reunião teve como desfecho a decisão de intensificar a mobilização pela aprovação da anistia, com foco em levar o tema novamente ao Plenário da Câmara.

A ofensiva ocorre em meio à articulação do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que deve apresentar ainda nesta semana o relatório do chamado projeto da dosimetria, movimento que reúne aliados em torno de caminhos regimentais e emendas para alterar o texto em votação.

O projeto da dosimetria e o impacto sobre a pena

O texto em discussão, apelidado de dosimetria, propõe unir em um só crime a tentativa de golpe de Estado e a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A leitura do relatório e a redação final são centrais para definir consequências penais. Na prática, se o projeto for aprovado com a redação que reduz parâmetros de dosimetria, a pena do ex-presidente, atualmente fixada em 27 anos e três meses de prisão, poderia ser reduzida para menos de 20 anos, segundo a análise dos aliados e do próprio relator.

O senador Flávio Bolsonaro defendeu a estratégia regimenta l para aprovar a anistia no Plenário, independente da redação inicial do relatório, ao afirmar, exatamente: “O relator pauta o relatório dele, com a redação que ele veio entender, que ele disse já publicamente que é com relação à dosimetria e nós vamos usar os nossos artifícios regimentais para aprovar a anistia e aí o texto que vai ser aprovado, o texto final, vai para o voto, é isso que nós sempre defendemos, pauta, inicia o processo, não temos compromisso nenhum com a dosimetria, o nosso compromisso é com a anistia e que vença quem tiver mais votos como sempre foi, sem interferência de outros poderes”.

Estratégia, resistência do Centrão e limite político

A estratégia dos aliados do ex-presidente consiste em abrir caminho no Plenário, para permitir emendas que estendam o alcance da anistia. Na teoria, o relator pauta, o processo se inicia, e emendas podem alterar o texto, ampliando perdões e beneficiando condenados pelos atos de 8 de janeiro. No entanto, essa possibilidade encontra resistência dentro do próprio Congresso, especialmente do Centrão, que não concorda com uma anistia ampla, o que reduz as chances de aprovação de uma proposta nos moldes desejados pelo PL e aliados.

Apesar do impasse, a liderança da Câmara afirma que o tema voltará à pauta. O texto da dosimetria, conforme a tramitação, já teve sua urgência aprovada, medida que permite levar o projeto diretamente ao Plenário para votação. Ainda assim, a base aliada do Governo Lula no Congresso sustenta que não existem condições políticas e regimentais para aprovar uma anistia nos moldes defendidos pelos aliados de Bolsonaro.

Risco de crise institucional e reação da oposição

A movimentação em torno da anistia tem provoc ado preocupação fora da base aliada do ex-presidente. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, alertou para o risco de ruptura entre poderes, ao declarar, textualmente: “Eu espero que o presidente da Câmara não cometa essa sandice. Eu acho que vai jogar o Parlamento numa brutal crise institucional. Seria o Parlamento confrontando o Supremo Tribunal Federal”.

O cenário desenhado é de alta tensão institucional, com possibilidade de embates entre o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal, caso os artifícios regimentais sejam usados para aprovar anistias amplas que possam atingir condenados por participação nos ataques a instituições em janeiro.

Analistas políticos apontam que a combinação entre pressões internas no Congresso, mobilização de bancada e manobras regimentais pode acelerar votações, mas não garante sucesso nas proposições mais amplas, diante da resistência de bancadas moderadas e do receio de consequências institucionais graves.

Em resumo, a prisão preventiva de Jair Bolsonaro ativou uma frente de reação no Congresso, com a anistia como foco central da agenda dos aliados. O desfecho dependerá de articulações internas, da redação final dos relatórios e do equilíbrio de forças entre alas que defendem medidas de perdão e aquelas que temem uma crise institucional.

O tema permanece em aberto, e a expectativa é de forte disputa nos próximos dias, com possíveis reviravoltas conforme tramitação e negociações parlamentares avançarem.

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