abel ferreira chega a lima entre céu e inferno, 5 anos e 10 títulos pelo palmeiras

Abel Ferreira chega a Lima entre céu e inferno, 5 anos e 10 títulos pelo Palmeiras

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, encara pressão, evolução pessoal e incertezas sobre renovação

Chega a Lima, em um misto de expectativa e cobrança, o treinador que desde outubro de 2020 transformou o Palmeiras em referência no futebol brasileiro. Em cinco anos no clube, Abel Ferreira conquistou 10 títulos, e agora vive um momento quase paradoxal, entre conquistas expressivas e dúvidas sobre o futuro imediato.

Cinco anos, legado e o peso das últimas temporadas

Abel Ferreira desembarcou no Palmeiras em outubro de 2020 e rapidamente se tornou um dos nomes mais marcantes do futebol nacional. Os números mostram a dimensão de sua passagem, porém nos últimos meses a sensação é de um técnico, e de um time, em ponto de interrogação.

Apesar de já ter celebrado muitos títulos, o treinador não levanta um título relevante desde o Paulistão do ano passado, e chega à sua terceira final de Copa Libertadores entre o céu e o inferno. A temporada de 2025 marcou a maior reformulação do elenco desde sua chegada, com um mercado que movimentou mais de R$ 700 milhões em entradas e saídas, e com a saída de nomes que chegaram a ser referenciais no time, como Richard Ríos e Estêvão.

Mudança de comportamento e episódios polêmicos

Ao mesmo tempo em que buscou renovar o elenco, Abel Ferreira se propôs a evoluir como pessoa e profissional. Ele próprio admite avanços, e em coletiva, depois da derrota para o Santos, afirmou, “Sou muito competitivo. Tenho melhorado muito no meu comportamento durante os jogos”, disse Abel Ferreira, conforme registrado pela cobertura do clube.

Ainda assim, a trajetória do treinador no Brasil ficou marcada por episódios controversos, incluindo uma encarada em Calleri, um gesto obsceno para o árbitro Anderson Daronco, e momentos de revolta na área técnica, com insultos direcionados a torcedores e jornalistas. Sobre o gesto que considera a sua “maior vergonha”, Abel relatou com emoção: “Fiz um gesto para dizer que o árbitro não tinha coragem. E um de vocês voltou a imagem do gesto para me fazer ser expulso. Chorei em casa, na frente da minha esposa e das minhas filhas. Sangrei por dentro; foi o momento de maior vergonha da minha vida. Em nenhum momento me revejo nele. Mas não fiz para ofender quem quer que seja”, contou Abel.

Essas falas reforçam a tentativa de reconciliação com parte da torcida e da imprensa, e explicam por que o treinador tem exibido público e sinceridade nas coletivas, ao ponto de, em momentos mais íntimos, valorizar a família como um pilar: “Já pensei muito em mim mesmo e agora chegou o tempo não de pensar em mim, de pensar em nós. O que é melhor para nós? E depois a gente, juntos, resolve. O maior título que eu ganhei aqui foi conseguir ter a minha família três anos comigo a assistir às derrotas, às vitórias, porque quando tu perde, eles vão estar sempre lá em casa para ti.”

O time, a final e as dúvidas táticas

Em campo, o Palmeiras precisou de tempo para se ajustar às mudanças. Abel demorou a encontrar uma nova identidade tática, mas acabou encaixando uma dupla de ataque que funcionou, com Flaco López e Vitor Roque, o que ajudou o time a engrenar em momentos decisivos. Ainda assim, a equipe chega à final em baixa de rendimento, com desgaste físico e com vários jogadores fora da melhor forma.

As seguidas decisões e o calendário apertado impactaram o nível coletivo, e a campanha final da temporada deixa dúvidas em todos os setores do time. A torcida cobrou após eliminação para o Corinthians nas oitavas da Copa do Brasil, no Allianz Parque, o que expôs o lado mais hostil do relacionamento entre parte da arquibancada e o treinador.

Contrato, renovação e perspectivas para 2026

Contrato e futuro são temas centrais neste momento. Abel Ferreira tem vínculo com o Palmeiras apenas até o fim desta temporada, mas a presidente Leila Pereira manifestou publicamente o desejo de manter o técnico, e a diretoria mantém otimismo quanto a uma possível extensão até 2027.

Durante o Mundial de Clubes, o próprio treinador chegou a afirmar que tudo indicava para a renovação, mas até agora não houve anúncio oficial. O cenário é complexo, porque o clube e a comissão técnica precisam avaliar resultados, desgaste do elenco, e os rumos da próxima janela de transferências, especialmente após um ciclo de gastos e dispêndios que ultrapassaram a casa dos R$ 700 milhões.

Na próxima partida decisiva, em Lima, Abel Ferreira terá de conciliar a expectativa de título com o desejo público de mostrar evolução comportamental e de manter a autoridade técnica. A final aparece como um momento de potencial redenção, ou de novas críticas, dependendo do resultado e da postura que o treinador adotar à beira do campo.

Ao fim, a imagem do técnico no Palmeiras segue ambígua, entre o saldo irretocável de conquistas, e a cobrança por atitudes e resultados imediatos. A decisão sobre a continuidade de Abel Ferreira no clube deve passar por resultados, conversas internas com a diretoria, e pela avaliação do que é melhor para o Palmeiras nos próximos anos, em um processo que pode se estender até o fim da temporada.

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