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O país registrou um resultado positivo em outubro, fruto de 2.271.460 admissões e de 2.186.313 desligamentos no período. Segundo o balanço oficial, O Brasil fechou o mês de outubro com saldo positivo de 85.147 empregos com carteira assinada. O balanço é do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No acumulado dos últimos 12 meses, de novembro de 2024 a outubro de 2025, o saldo chega a 1.351.832, valor inferior ao mesmo período anterior, quando foram gerados 1.796.543 postos de trabalho. Com o resultado, o estoque de empregos, no país chega a 48.995.950 vínculos celetistas, segundo os dados oficiais.
O desempenho de outubro também foi menor que o registrado em setembro, que apresentara saldo de 213.002 vagas. Em outubro de 2024 o saldo havia sido de 131.603, conforme o Caged, o que mostra uma desaceleração na criação de vagas mês a mês.
Dois dos cinco grandes agrupamentos da economia apresentaram resultado positivo, enquanto os demais permaneceram praticamente estáveis ou em queda. O setor de serviços concentrou a maior parte dos postos, com 82.436 vagas, seguido do comércio, com 25.592. Em contraste, a indústria registrou decréscimo de 10.092 (-0,1%), a construção civil teve decréscimo de 2.875 (-0,1%), e a agropecuária mostrou saldo negativo de 9.917 vagas (-0,5%).
Do total de postos gerados no mês, 67,7% foram considerados típicos e 32,3% não típicos, com destaque para trabalhadores em regime intermitente, que somaram 15.056, e para contratos de jornada de 30 horas ou menos, que representaram 10.693 vagas.
Vinte e um dos 27 estados fecharam outubro com saldo positivo. Em números absolutos, o destaque foi São Paulo, com 18.456 vagas, seguido pelo Distrito Federal, com 15.467, e Pernambuco, com 10.596. Proporcionalmente, o Distrito Federal liderou com crescimento de 1,5%, seguido de Alagoas, com 1%, e Amapá, com 0,7%.
No perfil dos contratados, as mulheres conquistaram a maioria das vagas, com 65.913, enquanto os homens somaram 19.234 novos empregos. Os jovens de 18 a 24 anos representaram 80.365 das contratações, e os adolescentes até 17 anos foram 23.586. Esses dois grupos foram mais contratados nos setores de Serviços, com 54.528 vagas, Comércio, com 32.203, e na Indústria de Transformação, com 10.051.
O salário médio real de admissão em outubro foi de R$ 2.304,31, um aumento de R$17,28 (0,8%) em comparação com o valor de setembro que foi de R$ 2.287,02. Para os trabalhadores considerados típicos, o salário real de admissão foi de R$ 2.348,20 (1,9% mais elevado que o valor médio), enquanto para os trabalhadores não típicos foi de R$ 1.974,07 (14,3% menor que o valor médio), informou o ministério.
Esses números mostram, simultaneamente, uma recuperação modesta da remuneração média de entrada, e uma persistente diferença entre contratos típicos e não típicos, que tende a refletir condições de jornada e proteção social distintas.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, atribuiu parte da desaceleração na criação de vagas à política de juros do Banco Central, citando o aumento da taxa Selic de 10,5% para 15% ao ano. Em sua avaliação, “Venho chamando atenção desde maio ou junho da necessidade de o Banco Central, que tem a necessidade de monitoramento e as decisões de aumento, manutenção ou decréscimo da taxa Selic, olhar com atenção, pois a economia entraria num processo de desaceleração. O problema é que se você vai desacelerando, uma hora o carro vai parar”, pontuou.
O ministro reforçou que é momento de ajuste na política monetária para estimular investimentos, “Há um grande entendimento de que isso está inibindo o ritmo dos investimentos. Tem investimentos comprometidos por parte das empresas que desaceleram por conta dos juros. É hora mais que urgente o Banco Central ter a sensibilidade de entender ser necessário esse processo [de diminuição dos juros]”, acrescentou.
Na prática, a leitura do governo é de que a política de juros elevados vem contribuindo para a perda de fôlego do mercado de trabalho formal, sobretudo em atividades intensivas em capital e investimento. A combinação de desaceleração na geração de vagas, concentração em serviços e comércio, e diferenças salariais por tipo de contrato, aponta para desafios na retomada sustentável do emprego com carteira assinada.
Especialistas e empresários observam, por sua vez, que a retomada mais robusta depende da combinação entre estímulo ao investimento privado, políticas de qualificação e estabilidade macroeconômica. Enquanto isso, os dados do Novo Caged mostram um mercado de trabalho que, embora ainda positivo em termos líquidos, caminha com menor intensidade em relação ao ano anterior.