Physical Address
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124
Physical Address
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124


A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro é evidenciada por um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira (3), pessoas pretas ou pardas que ocupam cargos de direção e gerência recebem, em média, **34% menos** que seus colegas brancos. Enquanto diretores e gerentes brancos têm um rendimento mensal de R$ 9.831, os negros recebem R$ 6.446, uma diferença de **R$ 3.385**.
Os dados, referentes a 2024, mostram que a diferença salarial, embora ainda expressiva, apresentou uma leve melhora em comparação a anos anteriores. Em 2012, quando a série histórica do IBGE sobre o tema começou, a disparidade era de 39%. No ano passado, em 2023, o percentual havia caído para 33%. Apesar da redução, a desigualdade permanece um desafio significativo.
O estudo do IBGE abrange dez grandes grupos ocupacionais. Em todos eles, os trabalhadores brancos apresentam rendimentos superiores aos de pretos e pardos. A maior diferença salarial, como mencionado, é observada entre diretores e gerentes. Em seguida, a segunda maior disparidade ocorre entre profissionais das ciências e intelectuais, onde brancos ganham R$ 7.412 e negros, R$ 5.192, uma diferença de **R$ 2.220**.
A menor diferença salarial entre os grupos pesquisados foi registrada na categoria das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares. Nesse segmento, brancos recebem R$ 7.265, e pretos ou pardos, R$ 6.331, com uma diferença de R$ 934. Vale destacar que o grupo com maior rendimento médio mensal em 2024 foi o de diretores e gerentes, com uma média de R$ 8.721.
A desigualdade racial no mercado de trabalho também se manifesta na distribuição das ocupações. Apenas **17,7%** das pessoas brancas ocupam cargos de direção e gerência, enquanto entre pretos e pardos, esse número cai para **8,6%**. Na outra ponta, o grupo de ocupações elementares, que possui o menor rendimento médio (R$ 1.454), concentra mais trabalhadores negros: 20,3% dos pretos e pardos atuam nessa área, contra 10,9% dos brancos.
Na média geral dos dez grupos ocupacionais, uma pessoa branca recebe R$ 4.119 por mês, enquanto uma pessoa preta ou parda ganha R$ 2.484. Isso significa que os brancos ganham **65,9% a mais** que os negros. Ao analisar o rendimento por hora, a disparidade se mantém: brancos recebem, em média, R$ 24,60, valor **64% superior** à hora trabalhada de pretos ou pardos, que é de R$ 15.
Um dado alarmante da pesquisa é que a obtenção de um diploma de ensino superior não elimina a desigualdade salarial para a população preta ou parda. Entre os brancos com ensino superior completo, o rendimento por hora é de R$ 43,20, enquanto para os negros, o valor é de R$ 29,90. A hora trabalhada do branco com diploma vale, portanto, **44,6% a mais** que a do preto ou pardo, sendo esta a maior diferença entre todos os segmentos de escolaridade.
O pesquisador responsável pelo estudo, João Hallak Neto, explica que, além da escolaridade, fatores como a área de atuação e a progressão na carreira influenciam essa disparidade. “Não importa a graduação, importa mais como a pessoa se inseriu no mercado de trabalho, se está exercendo ocupação compatível com o nível de instrução”, afirma Hallak Neto. Ele também menciona diferenças entre cursos e profissões, citando que médicos, por exemplo, tendem a receber mais que enfermeiros.
Os trabalhadores pretos ou pardos também enfrentam uma taxa de informalidade mais elevada no país. Condições como emprego sem carteira assinada, trabalho por conta própria e empregadores sem contribuição previdenciária são mais comuns entre essa parcela da população. Enquanto a taxa de informalidade geral no Brasil é de 40,6%, entre negros ela atinge **45,6%**, contra 34% entre brancos.