motta rompe com líder do pt, crise entre planalto e congresso se acirra

Motta rompe com líder do PT, crise entre Planalto e Congresso se acirra

Motta rompe com líder do PT e troca de farpas expõe racha entre Câmara, Senado e Planalto

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cortou interlocução com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ), nessa segunda-feira (24), em mais um capítulo da escalada de tensão entre o Palácio do Planalto e o comando do Congresso.

Motivo do rompimento

O estopim foi a indicação do deputado Guilherme Derrite (PL-SP) como relator do Projeto de Lei Antifacção, escolha que gerou críticas públicas de Lindbergh. Em entrevistas, o petista afirmou que Motta cometeu “uma lambança” ao definir o relator, e defendeu que, apesar de o projeto ser de autoria do Executivo, o indicado deveria ser neutro e apto ao diálogo.

As críticas do líder do PT entraram em rota de colisão com o presidente da Câmara, e, segundo interlocutores, o desgaste se tornou irreversível. Um integrante do entorno de Motta afirmou, na avaliação do presidente da Casa, que “Nada que venha dele o presidente acolhe”.

Reações e falas que ampliaram o conflito

A disputas não ficou restrita às trocas entre Motta e Lindbergh. Em evento com a presença do presidente da Câmara no palco, o presidente Lula declarou que o Congresso vive um momento de “baixo nível”, comentário que, conforme aliados, também irritou Motta e acirrou ressentimentos entre o Legislativo e o Executivo.

Do lado do Palácio do Planalto, a escolha do relator foi vista como um cálculo político que pode limitar a tramitação do projeto, e a disputa pública entre líderes expôs fragilidades na interlocução institucional entre as mesas do Congresso e a Presidência da República.

Efeito no Senado e repercussões a partir da indicação para o STF

A crise entre Planalto e Congresso ganhou um capítulo paralelo no Senado. A relação se deteriorou depois que o presidente Lula indicou o advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, indicação que contrariou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), favorável ao nome do seu aliado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Desde a indicação, Alcolumbre tem evitado interlocução com o governo. Como resposta, anunciou que pautaria um projeto considerado adverso aos interesses do Planalto, a regulamentação da aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, movimento entendido como retaliação política e demonstração de que a animosidade não está restrita à Câmara.

O que muda daqui para frente

Analistas ouvidos por este veículo avaliam que o rompimento entre Motta e o líder do PT, somado ao confronto com o Senado, tende a reduzir margens de negociação do governo em votações sensíveis no Congresso. A polarização pública, com declarações duras e anúncios de pautas potencialmente conflitantes, pode atrasar agendas legislativas e elevar o custo político de medidas do Executivo.

Além disso, a exposição das divergências cria um ambiente de pressão sobre lideranças partidárias, que precisarão decidir se priorizam a retaliação por episódios recentes, ou se tentam recompor canais pragmáticos de diálogo para evitar bloqueios à tramitação de projetos relevantes.

Por ora, a articulação entre o Palácio do Planalto, a presidência da Câmara e o comando do Senado permanece tensa. O desenrolar das próximas semanas, com a escolha de relatores, pautas anunciadas no plenário e possíveis reações em votação, servirá como termômetro para saber se o rompimento anunciado entre as lideranças evolui para um impasse prolongado, ou se haverá recomposição rápida dos canais institucionais.

Fontes ouvidas confirmam que, diante das declarações públicas e das escolhas de nomes para relatorias e indicações ao STF, a temperatura política entre os poderes está elevada, com risco de repercussão nas principais votações do Congresso.

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