flamengo x palmeiras: rivalidade desde 2016, clubes bilionários e duelo continental

Flamengo x Palmeiras: rivalidade desde 2016, clubes bilionários e duelo continental

Por que Flamengo x Palmeiras se tornou a maior rivalidade do futebol brasileiro

A final da Libertadores em Lima é mais um capítulo de uma rivalidade que ultrapassou o velho eixo Rio-São Paulo e ganhou palco nacional. O confronto entre Flamengo x Palmeiras não é só um clássico, é o embate de dois projetos profissionais, com receitas na casa do bilhão, que se revezam no topo do futebol brasileiro desde 2016.

Origens e reestruturação financeira

A base do atual equilíbrio entre Flamengo x Palmeiras está na reestruturação interna de ambos os clubes no início da década de 2010. Mesmo com caminhos administrativos distintos, os dois conseguiram montar estruturas capazes de comprar, formar e vender atletas com regularidade, o que sustenta elencos competitivos ano a ano.

O texto da cobertura que originou esta matéria destaca que, “não é segredo. São os dois principais times em termos de receitas: ambos na casa do bilhão.” Essa força financeira torna possível a manutenção de ciclos de sucesso e explica o “ciclo consistente de briga por títulos desde 2016”, com poucos hiatos de destaque dos rivais.

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, sintetizou a vantagem desses projetos nas coletivas: “Os dois se organizaram internamente, têm processos muito bem definidos, grandes jogadores, gestões profissionais e são capazes de comprar e vender jogadores. Equipes com saúde financeira também. Ao longo dos anos, eu peguei o Palmeiras numa fase boa, mas o Flamengo também passou por um período conturbado. Só melhorou quando organizou, quando foi profissional. Temos que profissionalizar, gente competente em todas as estruturas“. Em outra fala, ele completou, “O Palmeiras tem uma visão, o Flamengo tem outra, mas no final o objetivo das duas é o mesmo. Filosofias diferentes, mas estruturas profissionalizadas e gente competente. Só assim é possível que equipes possam estar no nível dos melhores clubes europeus, pela sua organização“.

Episódios, provocações e narrativas

Mais que estrutura, o duelo ganhou tempero com episódios públicos e provocações. Dirigentes como Bap e Leila Pereira não evitam trocas de farpas, e bordões se tornaram parte do enredo, como o termo “terraflanismo” cunhado por Leila, ou a resposta de Bap, que afirmou que “a Libra é verde“. Entre torcedores, lembranças e provocação seguem vivas, do gesto histórico do elenco palmeirense em frente a uma loja do Fla no Santos Dumont, até episódios de conflito entre organizadas.

As trocas também aconteceram em campo e nos bastidores, com casos envolvendo jogadores que mudaram de lado na história recente, como Andreas Pereira, apontado como vilão do Flamengo em 2021 e agora vestindo o verde nesta final de 2025. Expressões como “Palmeiras não tem Mundial” dos flamenguistas e o “cheirinho” dos palmeirenses continuam como sinais de rivalidade cultural, entranhada na memória das torcidas.

Declínio de rivais e concentração de poder

A queda na competitividade de outras potências estaduais também ajudou a concentrar a rivalidade entre Flamengo x Palmeiras. O texto de origem observa o enfraquecimento de rivais paulistas e cariocas, citando problemas financeiros e administrativos do Corinthians, a fase difícil do São Paulo, o risco de rebaixamento do Santos e a inferioridade estrutural dos clubes do Rio em relação ao Flamengo.

Com esse cenário, o Palmeiras passou a ver o Flamengo como seu principal concorrente nas competições nacionais, e o Flamengo, por sua vez, encontrou no Palmeiras um oponente à altura nas disputas por títulos, tanto no Brasil quanto no continente.

Torcida, segurança e repercussão internacional

As consequências dessa rivalidade aparecem também fora de campo. Alianças entre organizadas, como a do Flamengo com São Paulo e Cruzeiro, e a do Palmeiras com Vasco e Atlético-MG, já geraram confrontos, como o incidente de 2016 no Estádio Mané Garrincha. Em decisões continentais, como em Montevidéu, em 2021, e agora em Lima, em 2025, houve episódios entre torcedores, embora com gravidade variável.

Além disso, episódios com figuras públicas, como a tentativa do governador do Rio, Claudio Castro, de entrar no vestiário do Flamengo com seu filho no Allianz Parque, e a reclamação de Leila Pereira sobre passagem proibida em frente ao camarote no Maracanã, alimentam a narrativa e aumentam a atenção para cada duelo.

Por fim, a longevidade de treinadores e dirigentes, como Abel Ferreira à frente do Palmeiras, confere continuidade e personalidade ao confronto. Jogadores formados e vendidos pelo Palmeiras, como Endrick, Estêvão, Luís Guilherme e Vitor Reis, e pelo Flamengo, como Paquetá, Vini Jr e Reinier, mostram que ambos os clubes fazem da gestão de atletas parte central de suas estratégias, mantendo o embate sempre relevante.

Com todos esses elementos, é razoável esperar que a rivalidade entre Palmeiras e Flamengo continue a crescer. O jogo no Monumental de Lima não será o último encontro de impacto entre as duas equipes, e a diferença criada em relação aos demais clubes tende a concentrar ainda mais as atenções em cada confronto direto.

* DANILO LAVIERI E IGOR SIQUEIRA (UOL/FOLHAPRESS)

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